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BERLIN (Bélgica)

ZVIZDAL [Chernobyl - so far so close]

Holocene [#6]

 

MARIA MATOS TEATRO MUNICIPAL
10 e 11 de Maio às 21h30 (qui, sex)

 

Estreia Nacional

BILHETEIRA ONLINE

Técnica: Animação em direto e objetos Idioma: Ucraniano, com legendagem em português e inglês Público-alvo: +14 Duração: 75 min. 

Apresentação no âmbito da rede Imagine 2020 com o apoio do Programa Europa Criativa da União Europeia

 

Uma performance teatral multimédia de BERLIN e Cathy Blisson.

 

ZVIZDAL revela-nos a história de Pétro e Nadia.
Um retrato cinematográfico sobre duas pessoas que moram numa aldeia fantasma. Uma história sobre a solidão e a sobrevivência, consequências de uma experiência atómica falhada.

 

Em 1986, após a explosão na central nuclear de Chernobyl, cerca de 90 cidades e aldeias ao redor de Pripyat são evacuadas. 350 mil habitantes abandonam as suas casas, para sempre. 
Pétro e Nadia, um casal de 60 anos de idade, nascidos e criados em Zvizdal, recusam-se a ser evacuados, preferem ficar na sua casa, numa aldeia fantasma. Todos partiram, os amigos e conhecidos. As casas saqueadas testemunham a vitalidade do passado. Agora são lugares petrificados, invadidos pela natureza. As suas vidas extremas fornecem a matéria-prima para este espetáculo-instalação-documentário.
Entre 2011 e 2016, BERLIN solicitou licenças especiais e tomou as precauções necessárias para visitar Pétro e Nadia na zona de exclusão radioativa de Chernobyl, num esforço para retratar a evolução da sua história ao longo dos anos. Como é que se aguenta tantos anos de isolamento? Por que é que alguém insistiria em viver para sempre num exílio autoimposto, num lugar que foi transformado num repositório de combustível nuclear, isolado de todas as formas de contacto social, e sob a ameaça invisível, mas real, da radioatividade? Não há água corrente, eletricidade, telefone ou correio, mas há superstições, vodka, crenças pessoais, palavrões, canções, dores de dentes e os problemas que a idade traz. Como se vive apenas com uma outra pessoa, como companhia, uma vaca, um velho cavalo, um gato, um cão e algumas galinhas?
Zvizdal desenrola-se através do fluxo das estações e faz um retrato da solidão, da sobrevivência, da pobreza, da esperança e do amor entre duas pessoas com mais de oitenta anos, que vivem cercadas pela radiação incolor, inodora, mas omnipresente. A sua história é contada no palco, num grande ecrã duplo e em três maquetes giratórias que se tornam na nossa janela para o pequeno mundo deste casal.

 

"Tudo o que posso dizer é que aqueles que partiram estão mortos. Todos deveriam viver sempre onde nasceram, no seu ambiente natural. Se eu tivesse que me mudar, morreria."
-Pétro Opanassovitch, Zvizdal

 

"Fukushima foi pior, insistem Nadia e Pétro (...). Como é que eles ouviram falar sobre Fukushima? O rádio. Quando está ligado, tudo o que faz é crepitar. Zvizdal está cheio deste tipo de humor negro. É um retrato filmado doloroso, exemplar, de duas pessoas idosas que parecem estar presas dentro de um pesadelo Beckettiano. (...) A dupla Berlin de Antuérpia construiu uma instalação de teatro magistral para Zvizdal. O público senta-se de ambos os lados do ecrã. Debaixo deste estão três maquetes: a quinta no verão, no outono e no inverno. Uma câmera num braço robótico paira sobre a natureza morta (...). Que contraste impressionante: a cultura visual mais desenvolvida face a face com as forças primitivas da natureza (...)."
-Geert Van der Speeten, De Standaard ****

 

"(...) Através deste documentário íntimo, ficamos com uma ideia da vida do casal idoso que é tão emocionante, quanto comovente. (...) O mundo proibido de Zvizdal e os seus campos são muito bonitos, bem como esta obra-prima dos Berlin."
-Henry Holloway, The Argus *****

 

"(...) O resultado é um festim visual, bem iluminado e multifacetado. (...) Uma experiência sensorial única, de tirar o fôlego pela sua subtileza e execução. O trabalho da câmera e a edição, realizados habilmente por Bart Baele e Geert De Vleesschauwer, são como uma personagem extra. (...) A história de Nadia e Pétro é maravilhosamente bonita, e esta beleza reside na sua veracidade (...). O que é impressionante é a alegria e o amor representados neste espaço desolado, executado como uma verdadeira obra de arte experimental."
-Ciara L. Murphy, The Reviews Hubs

BIO

A companhia BERLIN, sediada em Antuérpia, foi fundada por Bart Baele e Yves Degryse, em 2003, juntamente com Caroline Rochlitz. A sua abordagem documental ao cinema e ao teatro ocupa um lugar único nas artes performativas belgas. O seu trabalho versátil mistura ficção e realidade, com um foco especial em assuntos como o urbanismo e a coexistência. Cada criação parte de uma cidade ou região, algures no planeta, concentrando-se na pesquisa específica de um tema, em diferentes suportes, como o vídeo, combinando cinema com poesia, documentário com teatro e ficção com tecnologia.
BERLIN iniciou o ciclo Holoceno (a atual era geológica), uma série de retratos de cidades, com os espetáculos Jerusalém, Iqaluit, Bonanza, Moscovo e Zvizdal. Alguns anos depois, o grupo iniciou um novo ciclo, Horror Vacui (o medo do vazio), do qual Tagfish, Land's End e Perhaps All The Dragons são os três primeiros episódios.
Atualmente, BERLIN está a trabalhar em novos espetáculos de ambos os ciclos.

 

Cathy Blisson é jornalista, dramaturga e autora. Durante os oitos anos que esteve na revista Télérama, especializou-se na cobertura da criação contemporânea híbrida, na encruzilhada das artes performativas e visuais. Atualmente trabalha como freelancer nas fronteiras entre cultura e sociedade, escrevendo para a Mouvement, Stradda, Evene.fr, Graffiti Art Magazine, Arts Magazine ou Journal des Laboratoires d'Aubervilliers.
No seu trabalho como dramaturga acompanha através da escrita ou no palco vários grupos e companhias (Berlim, Théâtre du Centaure, Cies In Vitro, Un loup pour l’homme, La Zampa, L’Eolienne, Le Clair-Obscur...), a quem empresta a sua caneta e/ou um determinado olhar. 
Como "Globe-trotter numa zona contaminada", desde 2008, viaja regularmente para a região de Chernobyl, o que esteve na origem, em 2016, da criação de Zvizdal com o grupo BERLIN.
No seu papel como "escritora de bairro", imagina com a associação multidisciplinar Studio Public formas de intervenção no espaço urbano: trocas de imagens e palavras em La Villeneuve (Grenoble, 2010), recolhas sonoras no Marché des Capucins durante a Biennale d’Art Contemporain Evento (Bordeaux, 2011) em ligação com o coletivo Exyzt, oficinas de escrita e intervenção textual in situ no Microlycée 94 (Ivry-sur-Seine, 2013-2014).
Desde 2012 tem estado diretamente envolvida em vários projetos da In Vitro. Neste contexto, atua como testemunha-autor nos Laboratoires de Traverse (sessões multidisciplinares de experimentação coletiva) lançados pela encenadora Marine Mane. Acompanha também a pesquisa do artista de circo Alexandre Fray (Un Loup pour l’homme), no seu projeto Grand-mères. Juntos organizam workshops acrobáticos para pessoas mais velhas. Exploram também a reciprocidade entre instalação e performance, desenvolvendo um registo escrito do processo.
Paralelamente realiza projetos pessoais de escrita textual e sonora, em particular através do coletivo &., que criou no outono de 2014 com Anne Quentin, para reproduzir o atrito entre o ato jornalístico e o gesto artístico. Atualmente trabalha na conceção de Abrasion, abecedário performativo a ser publicado na Entretemps, para compreender a expansão do domínio da performance, à medida que se aventura na esfera pública.

 

FICHA ARTÍSTICA

Com: Nadia, Pétro Opanassovitch Lubenoc Conceção: Bart Baele, Yves Degryse, Cathy Blisson Cenografia: Manu Siebens, Ina Peeters, BERLIN Entrevistas: Yves Degryse, Cathy Blisson Câmara e edição: Bart Baele, Geert De Vleesschauwer Registos sonoros: Toon Meuris, Bas de Caluwé, Manu Siebens, Karel Verstreken Tradução: Olga Mitronina Banda sonora e mistura: Peter Van Laerhoven Construção da cenografia: Manu Siebens, Klaartje Vermeulen, Dirk Stevens, Kasper Siebens, Kopspel, Rex Tee (estagiário) Mecanismos: Joris Festjens, Dirk Lauwers Maquetes: Ina Peeters, com a ajuda de Puck Vonk, Rosa Fens, Thomas Dreezen Design: Jelle Verryckt Comunicação e produção: Laura Fierens Gestão: Kurt Lannoye Apoio administrativo: Jane Seynaeve Fotografias: Frederik Buyckx, BERLIN Coproduções: Het Zuidelijk Toneel, PACT Zollverein, Dublin Theatre Festival, Le CENTQUATRE-Paris, Brighton Festival, BIT Teatergarasjen - House On Fire, Kunstenfestivaldesarts, Künstlerhaus Mousonturm Frankfurt am Main, Theaterfestival Boulevard, Onassis Cultural Centre; BERLIN é artista associado do Le CENTQUATRE-Paris Em colaboração com: deSingel Apoio: Governo flamengo Agradecimentos: Wim Bervoets, Brice Maire, Lux Lumen, Els De Bodt, Pascal Rueff, Morgan Touzé, Christophe Ruetsch, Isabelle Grynberg, Nadine Malfait, Natalie Schrauwen, Katleen Treier, Piet Menu, Anthe & Ama Oda Baele, Remi & Ilias Degryse

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